Aliado do pré-candidato do PSDB à Presidência, João Doria, o tesoureiro nacional da legenda, César Gontijo, disse que o ex-governador do Rio Grande do Sul, Eduardo Leite (PSDB), não vai receber recursos partidários para viajar pelo Brasil ou pagar qualquer tipo de despesa.
"Como tesoureiro eu administro recursos públicos, e por isso dentro das regras do jogo. Leite não terá nenhuma verba do partido. Ele recebeu R$ 1,5 milhão nas prévias, mas perdeu", afirmou o tucano.
Em entrevista ao Estadão publicada nesta terça-feira, 5, Leite disse que, "em última instância", a convenção do PSDB pode revogar as prévias, que foram vencidas por João Doria no ano passado, e admitiu que espera receber recursos da legenda para se movimentar pelo País e montar uma estrutura.
"O partido me convocou para participar de um processo de mobilização nacional. Estou atendendo essa convocação", disse Leite. O gaúcho pretende montar uma estrutura em São Paulo. Os ex-governadores paulistas contam com uma estrutura de seguranças, motorista e veículo após deixar o cargo, mas esse privilégio não vale no Rio Grande do Sul.
Leite brinca que, após deixar o Palácio Piratini, sede do governo, pensou em pedir um Uber para ir embora, mas recebeu uma carona do sucessor. Segundo aliados do ex-chefe do Executivo gaúcho, o PSDB do Rio Grande do Sul pode receber doações privadas e repassá-las a Leite sem o aval do diretório nacional.
"Vou ter uma base mais forte em São Paulo, mas vou ficar muito em Brasília", disse Leite ao Estadão.
O PSDB nacional definiu que a pré-campanha de Doria vai receber recursos do caixa da legenda, mas o valor será abatido do fundo eleitoral. O paulista vai começar pela Bahia a rodar o País já na semana que vem.
"A entrevista do ex-governador Eduardo Leite ao Estadão revela não só uma postura de delírio político, como demonstra, mais uma vez, o total desrespeito à vontade do filiado na sua própria base. Eduardo Leite se submeteu às eleições prévias, mas não consegue aceitar o resultado da eleição no voto, em um descabido exercício de antidemocracia", disse o tesoureiro tucano.
Ainda segundo Gontijo, a conduta "equivocada" de Eduardo Leite só dificulta o trabalho do presidente do partido, Bruno Araújo, no prosseguimento das articulações pelo candidato da terceira via.
"Tenho que prestar contas sobre cada centavo e não há nenhuma chance, digo nenhuma, do partido ter bancado todo o processo de prévias e simplesmente desprezar esse investimento por vaidade, capricho político ou interesses inconfessáveis de quem não aceita a derrota", disse Gontijo.
"O ex-governador Eduardo Leite costuma usar o termo da aviação: precisamos 'usar a pista inteira' antes da decolagem. Concordo com ele, mas só devo lembrá-lo, com o meu conhecimento sobre aviação, pois sou piloto, que a autoridade, responsabilidade e estratégia dentro uma aeronave são do comandante. E quem foi escolhido para sentar na cabine e comandar essa aeronave foi João Doria. Cabe aos passageiros, como Eduardo Leite, torcer para chegarmos vitoriosos ao nosso destino final", complementou o tesoureiro.