Esportes

Jogadoras enviam carta aberta à Fifa pedindo fim do vínculo com estatal da Arábia Saudita

Estadão Conteúdo
21/10/2024 às 11:31.
Atualizado em 21/10/2024 às 11:35

Mais de 100 jogadoras profissionais de futebol assinaram uma carta aberta enviada à Fifa, nesta segunda-feira, pedindo o fim do vínculo da entidade com a Aramco, empresa estatal de petróleo e gás da Arábia Saudita. Elas alegam que o país que gere a patrocinadora da Fifa não respeita a igualdade de gênero, os direitos humanos e não "cuida do futuro do planeta".

A entidade máxima do futebol mundial assinou contrato de patrocínio com a Aramco em abril deste ano. O vínculo de quatro anos torna a estatal parceira global da Fifa, com direito a vincular sua imagem à Copa do Mundo de 2026 e ao próximo Mundial feminino, a ser disputado no Brasil em 2027.

Nos últimos anos, a Arábia Saudita vem fazendo investimentos maciços no futebol, na Fórmula 1 e outras modalidades. Para entidades que defendem os direitos humanos e direitos LGBT+, o país árabe promove o "sportswashing", ação pela qual um país, uma empresa ou um grupo de pessoas usa o esporte para melhorar a sua imagem ou reputação.

Na carta aberta, as atletas chamam o contrato da Fifa com a Aramco de um "soco no estômago". "Pedimos à Fifa que reconsidere essa parceria e troque a Saudi Aramco por patrocinadores alternativos cujos valores estejam alinhados com a igualdade de gênero, os direitos humanos e o futuro seguro do nosso planeta", afirmaram as jogadoras.

O documento é assinado por atletas do primeiro escalão do futebol mundial, como a atacante Vivianne Miedema, capitã do Manchester City, Jessie Fleming, capitã da seleção canadense, e a zagueira Becky Sauerbrunn, da seleção dos Estados Unidos.

"Pensamos que, como futebolistas, e especialmente como mulheres, temos a responsabilidade de mostrar ao mundo e à próxima geração o que é certo. A Fifa proclama sempre que quer que o futebol seja inclusivo e dê o exemplo. Se assim for, certifique-se de se alinhar com patrocinadores que dão o exemplo", escreveram.

Em resposta, a Fifa enfatizou a importância do patrocínio da petroleira saudita e afirmou que as receitas vindas dos patrocinadores ajudam nos investimentos da entidade. "A Fifa valoriza sua parceria com a Aramco e seus muitos outros parceiros comerciais e de direitos. A Fifa uma organização inclusiva com muitos parceiros comerciais também apoiando outras organizações no futebol e outros esportes", afirmou um porta-voz da entidade.

"As receitas de patrocínio geradas pela Fifa são reinvestidas no jogo em todos os níveis e o investimento no futebol feminino continua a aumentar, incluindo para a histórica Copa do Mundo Feminina de 2023 e seu novo e inovador modelo de distribuição."

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