O governo da Islândia anunciou na terça-feira, 20, que vai suspender a caça comercial de baleias no país até 31 de agosto. O anúncio foi feito pela Ministra da Alimentação, Agricultura e Pescas, Svandís Svavarsdóttir, que explicou que a decisão se deve ao não cumprimento de requisitos do bem-estar animal determinados por lei no território islandês.
Segundo o governo, um relatório sobre o tratamento de baleias durante a caça dos animais foi submetido ao ministério em maio de 2023, e a conclusão do material é de que a matança das baleias demorou mais do que o permitido pela Lei sobre Bem-Estar Animal e que o método utilizado na caça às grandes baleias está fora das conformidades estabelecidas pelo país. O relatório revelou que em algumas caçadas as baleias levaram até duas horas para morrer, com 41% delas sofrendo "imensamente" antes do fim.
"Na minha opinião, as condições da Lei de Bem-Estar Animal são obrigatórias. Esta atividade não pode continuar no futuro se as autoridades e os titulares de licenças não puderem garantir o cumprimento dos requisitos de bem-estar", escreveu a ministra Svandís em comunicado divulgado pelo ministério.
A pasta explicou que tornou-se necessário adiar o início da época baleeira para haver mais tempo de analisar se é possível estabelecer regras que assegurem que a caça à baleia será realizada respeitando os padrões mínimos obrigatórios estabelecidos na Lei de Bem-Estar Animal.
A media adotada pelo do governo da Islândia deu esperança para organizações ambientais de que a decisão seja permanente. "As baleias já enfrentam tantas ameaças sérias nos oceanos de poluição, mudança climática, emaranhamento em redes de pesca e ataques de navios, que acabar com a cruel caça comercial é a única conclusão ética", disse em comunicado Ruud Tombrock, diretor executivo da ONG Humane Society International, da Europa.
Em 2022, a ministra já deu um aceno nesta direção, escrevendo um artigo em um jornal da Islândia dizendo que há poucas evidências de que haja um benefício econômico para a caça às baleias. Na época, Svavarsdóttir afirmou que era preciso mostrar que era economicamente justificável renovar as licenças de pesca até 2023, mas "do jeito que as coisas estavam", ela enxergava poucas razões para continuar depois deste ano.
O comunicado divulgado pelo ministério afirma que a medida de suspensão "dá margem para explorar possíveis melhorias" e que irá aproveitar os próximos meses para obter a opinião de especialistas e licenciados.
Islândia, Noruega e Japão são os únicos países do mundo que ainda permitem a caça a baleias, embora a prática seja duramente criticada por ambientalistas e defensores dos direitos animais.