O Índice de Preços de Alimentos da Organização das Nações Unidas para Agricultura e Alimentação (FAO) se manteve quase inalterado em setembro. A média ficou em 121,5 pontos no nono mês do ano, ante 121,4 pontos em agosto, com baixas nos índices de preços de óleos vegetais, laticínios e carnes, mas aumentos nos índices de açúcar e de cereais. Em comparação com o mesmo período do ano anterior, o índice recuou 14,6 pontos (10,7%), além de ter ficado 38,3 pontos (24%) abaixo da máxima histórica alcançada em março de 2022.
O subíndice de preços dos Cereais registrou média de 126,3 pontos em setembro, 1,3 pontos (1%) a mais em relação a agosto, mas 21,6 pontos (14,6%) abaixo do valor de um ano atrás. Segundo a FAO, o avanço no mês ocorreu em virtude do aumento de 5,3% nos preços internacionais de alguns grãos, como o milho, o sorgo e a cevada. O milho reverteu as sete quedas consecutivas e subiu 7% no mês passado, impulsionado por fatores como "a forte procura pelos produtos do Brasil, vendas mais lentas dos agricultores na Argentina e aumento das taxas de frete por barcaça devido aos baixos níveis de água no Rio Mississippi nos Estados Unidos", explicou a FAO em nota.
Em contrapartida, os preços do trigo recuaram 1,6% no mês, pressionados pela ampla oferta da Rússia, onde as perspectivas de produção melhoraram em setembro, disse a FAO. Já o arroz registrou uma ligeira queda de 0,5% em relação a agosto, mas ainda 27,8% acima do valor de um ano antes. De acordo com a FAO, o recuo pode ter sido motivado pela baixa demanda por importações do produto, mas a incerteza sobre as restrições de exportação da Índia e os estoques reduzidos antes das colheitas asiáticas contiveram perdas maiores.
O levantamento mensal da FAO também mostrou que o subíndice de preços dos Óleos Vegetais registrou média de 120,9 pontos em setembro, 5 pontos (3,9%) a menos em relação a agosto, o que marcou a segunda queda mensal seguida. Conforme a FAO, as perdas ocorreram em virtude dos preços mundiais mais baixos nos óleos de palma, girassol, soja e colza. Os preços do óleo de girassol caíram "significativamente", com a pressão sobre a colheita de sementes de girassol na região do Mar Negro, em um contexto de vendas robustas dos agricultores.
Quanto ao óleo de palma, a FAO destacou que os preços mantiveram a queda por causa da produção sazonalmente elevada nos principais países produtores do Sudeste Asiático. Já os preços dos óleos de colza caíram, com o excesso de oferta global, enquanto os preços mundiais do óleo de soja também seguiram a tendência de baixa, apesar das perspectivas de uma demanda sólida do setor de biodiesel.
O subíndice de preços da Carne da FAO teve média de 114,2 pontos em setembro, queda de 1,2 pontos (1%) em relação a agosto, marcando o terceiro mês de recuo, além de perder 6,1 pontos (5%) em relação ao valor de um ano atrás. "Os preços da carne suína caíram por causa da fraca demanda de importação dos principais países importadores, especialmente a China", explicou a organização. Além disso, os preços da carne de aves também caíram, com o excesso de oferta dos principais fornecedores, especialmente o Brasil, e os preços da carne ovina diminuíram pelo quinto mês consecutivo. Apesar disso, a forte demanda de importação por carne bovina magra, especialmente nos EUA, levou a um aumento nos preços da carne bovina, apesar da oferta robusta do Brasil e da Austrália, apontou a FAO.
O relatório mostra, ainda, que o subíndice de preços de Lácteos teve uma média de 108,6 pontos em setembro, uma queda de 2,6 pontos (2,3%) em relação a agosto, marcando o nono declínio mensal consecutivo, além de ficar 34,1 pontos (23,9%) abaixo do seu valor correspondente no ano passado. Conforme a FAO, no mês passado, os preços internacionais de todos os produtos lácteos diminuíram, principalmente pela fraca demanda para entregas imediatas e de curto prazo, além dos estoques abundantes. Além disso, o aumento da oferta na Nova Zelândia, a demanda interna limitada na União Europeia e o euro mais fraco ante o dólar pesaram nos preços internacionais de produtos lácteos.
De acordo com a FAO, o subíndice de preços do Açúcar teve uma média de 162,7 pontos em setembro, avanço de 14,5 pontos (9,8%), marcando o segundo aumento mensal e o nível mais alto desde novembro de 2010. Os ganhos ocorreram pela perspectiva de aperto na oferta global na temporada 2023/24, com previsões que indicam para quedas na produção de países como Tailândia e Índia, que enfrentam condições climáticas de seca. Os preços mais altos do petróleo também contribuíram para os ganhos do adoçante. "No entanto, a grande safra em colheita no Brasil, em condições climáticas favoráveis, combinada com a desvalorização do real ante o dólar, limitou o aumento mensal", explicou a organização.