Economia

Índice de preços da FAO recua em agosto pressionado por açúcar, carne e cereais

Estadão Conteúdo
06/09/2024 às 09:05.
Atualizado em 06/09/2024 às 09:14

São Paulo, 6 - O Índice de Preços de Alimentos da Organização das Nações Unidas para Agricultura e Alimentação (FAO) de agosto ficou ligeiramente abaixo do valor revisado do mês anterior. A média ficou em 120,7 pontos no oitavo mês do ano, pressionada pela redução no subíndice de cereais, carnes e açúcar, que superaram avanços nos preços de óleos vegetais e lácteos. O índice permaneceu 1,1% abaixo do valor correspondente de 2023 e foi 24,7% menor que o pico de 160,3 pontos alcançado em março de 2022.

O subíndice de preços dos Cereais registrou média de 110,1 pontos em agosto, recuo de 0,6 ponto (0,5%) ante julho e de 14,9 pontos (11,9%) diante de agosto de 2023. Segundo a FAO, os preços do trigo caíram com uma demanda lenta e uma forte concorrência, especialmente vinda do Mar Negro. Além disso, a produção de trigo maior do que o esperado na Argentina e nos Estados Unidos contribuíram para a queda. Em contraste, os preços do milho se firmaram ligeiramente, sustentados por preocupações com as ondas de calor na União Europeia e nos EUA. A oferta mais restrita na Ucrânia, com uma revisão para baixo na previsão de produção, também forneceu suporte, disse a entidade.

Entre outros grãos, os preços mundiais da cevada caíram enquanto os de sorgo aumentaram, apontou o relatório. Já o Índice de Preços do Arroz da FAO aumentou 0,6% em agosto.

O levantamento mostrou, ainda, que o subíndice de preços dos Óleos Vegetais teve média de 136 pontos no mês passado, alta de 1 ponto (0,8%) ante julho, e alcançando o nível mais alto desde janeiro de 2023. O resultado refletiu principalmente os preços mais altos do óleo de palma, com a produção na Indonésia abaixo de seu potencial e apesar do fortalecimento sazonal. Por outro lado, os preços do óleo de soja caíram, influenciados pelas perspectivas de ampla produção global de soja em 2024/25. Enquanto isso, após seguidas altas, os preços dos óleos de girassol e colza também caíram, com uma desaceleração na demanda global e uma pressão sazonal na colheita de colza no Canadá.

O subíndice de preços da Carne da FAO teve média de 119,5 pontos em agosto, perda de 0,9 ponto (0,7%) ante julho, mas 4,3 pontos (3,7%) acima do valor de 2023. As cotações da carne de aves caíram com os efeitos da suspensão de exportações relacionada à doença de Newcastle no Brasil, apesar do governo declarar o fim do surto uma semana depois, disse a FAO. Os preços da carne suína diminuíram pelo segundo mês seguido, com a fraca demanda e a ampla oferta. Já os preços da carne ovina recuaram, depois de três meses de altas, com a desaceleração nas compras, especialmente da China. Em contrapartida, a carne bovina teve ligeiro aumento com a queda na oferta de animais para abate na Oceania.

O relatório mostrou, ainda, que o subíndice de preços de Lácteos teve média de 130,6 pontos em agosto, alta de 2,8 pontos (2,2%) ante julho e de 16,3 pontos (14,2%) ante o valor de um ano atrás. Segundo a FAO, todos os produtos tiveram aumento no mês. O leite em pó integral subiu com o aumento na demanda e estoques apertados, enquanto o queijo foi impulsionado por estoques limitados e menor produção na Europa. As cotações da manteiga e do leite em pó desnatado também avançaram, com as cotações da manteiga atingindo uma alta histórica, sustentadas pelo aumento da demanda de curto e longo prazo, além de "incertezas sobre a adequação da oferta de leite na Europa Ocidental, apesar das quedas nas cotações de preços da Oceania por conta da demanda mais fraca", disse.

De acordo com a FAO, o subíndice de preços do Açúcar teve média de 113,9 pontos no mês passado, queda de 5,7 pontos (4,7%) ante julho e 34,3 pontos (23,2%) abaixo de 2023, atingindo o menor nível desde outubro de 2022. O declínio mensal ocorreu com a melhora das perspectivas de produção em 2024/25 na Tailândia e na Índia, após chuvas favoráveis. Além disso, preços mais baixos do petróleo exerceram ainda mais pressão, disse a FAO. Contudo, no final de agosto, "preocupações com os incêndios em canaviais em áreas-chave de cultivo do Brasil, juntamente com relatos de produção de açúcar menor do que o esperado na primeira metade do mês, sustentaram aumentos acentuados", afirmou.

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