O coordenador geral da Federação Única dos Petroleiros (FUP), Deyvid Bacellar, disse que houve avanços "relevantes" na Petrobras na gestão de Jean Paul Prates, que foi demitido da presidência da estatal na terça-feira, 14. O sindicalista afirmou, no entanto, que a entidade alertou o governo sobre problemas na condução da empresa.
Bacellar destacou a contribuição de Prates às pautas dos petroleiros antes de o ex-senador assumir a companhia, como presidente da frente parlamentar em defesa da Petrobras no Congresso. Foi nessa posição que Prates começou a questionar o acordo da empresa com o Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade) que embasou a política de desinvestimentos da companhia nos governos de Michel Temer (MDB) e Jair Bolsonaro (PL). Quando Prates foi alçado à presidência da empresa, a relação com a FUP teria se fortalecido, segundo o sindicalista.
Bacellar elogiou a retomada do diálogo e a reconquista de direitos dos trabalhadores, além do fim da política de paridade de importação para os preços dos combustíveis, do aumento da capacidade de refino e da criação da diretoria de Transição Energética e Sustentabilidade.
Por outro lado, o coordenador geral da FUP critica a lentidão nas encomendas da estatal à indústria naval brasileira - encaradas pela FUP e pelo governo como forte indutor de emprego e renda -, a demora na retomada e na conclusão de grandes obras e a letargia da diretoria de Transição Energética na aprovação de projetos. Tais problemas da gestão de Prates foram levados ao Palácio do Planalto, segundo Bacellar.
A Transpetro, subsidiária de transporte da Petrobras, teria demanda de pelo menos 26 novos navios de transporte, enquanto só havia previsão de quatro encomendas no plano estratégico da Petrobras, segundo o sindicalista.
Além disso, houve demora na contratação de prestadores de serviços e fornecedores para obras como a do Gaslub, no Rio, e na retomada da produção de fertilizantes, além de resistências ao aumento ou observância de conteúdo local em projetos. De acordo com Bacellar, os problemas têm origem na diretoria de Engenharia, Tecnologia e Inovação, comandada por Carlos Travassos.
Na diretoria de Transição Energética, comandada por Maurício Tolmasquim, o sindicalista se queixa da falta de projetos efetivos, devido à contrariedade de técnicos da área aos planos de transição do governo para a companhia. Executivos da Petrobras têm dito que a aprovação de projetos novos requer análise demorada e longa apreciação pelas instâncias de governança.