A justiça climática sob a lente de gênero e a economia do cuidado - tarefa de cuidar principalmente de crianças e idosos desempenhada majoritariamente por mulheres - são as duas novidades de recomendação do grupo de engajamento feminino (W20) do grupo das 20 maiores economias do globo (G20). "A ideia é a de que esse trabalho seja reconhecido socialmente, compartilhado e valorizado economicamente", disse a jornalistas a presidente do W20 Brasil, Ana Fontes, que também é fundadora da Rede Mulher Empreendedora, após apresentação do grupo em reunião de diretores de bancos centrais e secretários de ministros de Finanças, que ocorre no Rio.
Além desses dois temas trazidos agora e que, de acordo com ela, foram bem recebidos pelos representantes de finanças, há três pontos que já estão sendo discutidos desde edições anteriores do G20. São eles: 1) Mulheres empreendedoras, acesso à capital e ao mercado; 2) Aumento da participação de meninas nas áreas de ciência e tecnologia, engenharia e matemática e 3) Enfrentamento à violência contra mulheres.
"Houve muita aderência aos temas", relatou Fontes, que preside um dos 13 grupos de engajamento do G20. De acordo com ela, esta tem sido uma boa surpresa na edição brasileira: a de os grupos de engajamento - que geralmente se atêm a discussões paralelas e entregam apenas documentos aos demais grupos - participarem de apresentações e debates. "Participo do G20 desde 2017 e nunca vi isso que está acontecendo no Brasil: ter espaço de fala com sherpas e deputies de todos os países", comparou.
O W20 quer estar representado no communiqué de novembro - documento que é feito e assinado pelos líderes dos países do G20 - e não ver suas intenções apenas no texto da área. Uma das lutas do W20 agora é explicitar no comunicado não apenas a condição das mulheres, mas também destacar raça e etnia. Para alguns países, porém, não há necessidade de tanto detalhamento e este é um dos pontos que estão sendo discutidos entre os participantes. "Ouvi de presidentes de outros grupos de engajamento que a pauta da mulher tem sido uma das mais relevantes", contou.