Vice-presidente de Supervisão do Federal Reserve (Fed, o banco central americano), Michael Barr defendeu nesta quinta-feira, 27, a necessidade de que seja aprovada uma proposta para elevar as exigências de capital dos maiores bancos dos Estados Unidos. No início de reunião do Fed sobre o tema, o dirigente destacou em discurso a necessidade de um sistema bancário "seguro e sólido" para a saúde da economia, e da importância dos níveis adequados de capital para essa segurança.
Barr disse que episódios deste ano - sem citar diretamente, ele remetia à quebra do Silicon Valley Bank (SVB) e de outros bancos menores - deixaram claro que bancos com níveis inadequados de capital "são vulneráveis" e podem causar contágio, o que "ameaça a estabilidade do sistema bancário e prejudica famílias e empresas". Ele lembrou que uma crise maior foi evitada com o uso de uma exceção por risco sistêmico, com apoio a depositantes não segurados e o estabelecimento de um programa de empréstimos emergenciais para o sistema bancário. "Uma mensagem clara, porém, foi que exigências regulatórias, incluindo as de capital, precisam estar alinhadas com o risco real, para que os bancos possam assumir a responsabilidade por sua própria tomada de riscos."
O diretor do Fed avalia que a proposta de elevar o capital é um passo importante para alinhar as exigências nessa frente ao risco. Ele explicou que há duas propostas feitas hoje. A primeira iria atualizar os padrões de capital para os bancos com US$ 100 bilhões ou mais em ativos totais.
Barr disse que as medidas propostas acabariam com a prática de confiar nas estimativas individuais de cada banco sobre seu próprio risco, preferindo um uso padronizado e baseado em riscos para o crédito. Em segundo lugar, para as atividades de negociações de uma companhia, as propostas ajustariam a forma pela qual é exigido que ela mensure o risco do mercado, a fim de corrigir lacunas nas regras atuais, apontou.
A autoridade também comentou que, em relação às perdas operacionais, as regras propostas substituiriam um modelo operacional de risco interno com uma medida padronizada. A proposta ainda melhora o tratamento de capital para atividades com derivativos, disse Barr.
A segunda proposta do Fed ajudaria a garantir que a sobretaxa aplicada aos bancos sistemicamente importantes globais reflita melhor o risco sistêmico em cada um deles. As mudanças devem elevar as exigências de capital para os bancos com US$ 100 bilhões ou mais em ativos, refletindo melhor os riscos de suas atividades à estabilidade financeira, apontou. E acrescentou que os bancos com menos de US$ 100 bilhões em ativos "sem atividades significativas de negociações" não são afetados pela proposta, nem os bancos comunitários.
Barr disse que os grandes bancos são, por natureza, muito alavancados e financiam apenas uma pequena parcela de seus ativos com capital. "A proposta iria elevar o capital em média em 16%" nos bancos citados, apontou. Segundo ele, as análises do staff do Fed apontam que os benefícios de um sistema financeiro robusto com as medidas superam os custos à atividade econômica que podem resultar do capital adicional. O dirigente também lembrou que a mudança seria implementada de modo gradual, dando tempos aos bancos para ajustar seus balanços e atividades e elevar o capital com o tempo.
Agora, haverá 120 dias de consultas sobre o tema. Segundo Barr, isso dará a todas as partes tempo para analisar as questões apresentadas na regra. Ele garantiu que o Fed estará atento aos comentários recebidos sobre o tema.