O número de candidatos que realizou o Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) neste domingo, 21, foi menor que no primeiro dia de provas. A abstenção foi de 32,4%, ante 26,7%, na última semana, segundo dados do Ministério da Educação (MEC). Ao todo, 3,4 milhões de candidatos se inscreveram para realizar esta edição, segundo menor patamar desde 2005.
O ministro da Educação, Victor Godoy, disse na manhã desta segunda-feira, 21, que "as taxas de abstenção do exame foram dentro da normalidade histórica", retornando aos porcentuais registrados antes da pandemia de covid-19. Questionado sobre a queda de inscritos, afirmou que há uma "possibilidade de números inflados de inscritos" em edições anteriores.
"O próprio número de participantes do Enem, que tem investigação em curso, sobre a possibilidade de ter números inflados de inscritos no exame, que está em apuração pelo TCU (Tribunal de Contas da União) e CGU (Controladoria-Geral da União). Pode ser uma das razões que explique essa redução", afirmou Godoy.
As apurações, segundo o ministro, são sigilosas. "O que posso dizer é que foram levantados alguns indícios de manipulação das inscrições, de inscrições infladas nas bases do Inep (instituto que é vinculado ao MEC e que organiza o Enem). Isso foi tudo encaminhado aos órgãos de controle (TCG e CGU) para apuração", complementou.
O número de inscrições na edição deste ano foi de 3.396.597, conforme divulgado pelo MEC em junho. Isso representa aumento de 11,7% em relação à edição do ano passado. Porém, é a segunda menor quantidade de inscritos para o exame desde 2005, quando 3.004.491 pessoas se inscreveram.
O Enem já ultrapassou os 8 milhões de inscritos em 2014 e 2016, mas vê os números caírem desde então. Entre 2018 e 2020, ele ficou na casa dos 5 milhões. Com a pandemia, as inscrições retrocederam fortemente e ficaram abaixo do que foi registrado em 2006 - quando 3,7 milhões inscrições foram confirmadas.
"Naturalmente, tivemos um período de pandemia no meio do caminho, que certamente trouxe desafios. Não só para o Enem, mas para toda a educação brasileiro. Isso certamente tem um efeito na redução de inscritos", apontou o ministro. Entre os 3,4 mil inscritos, 2,4 mil fizeram o exame neste domingo, o que corresponde a 32,4% de abstenção.
Em São Paulo, a taxa de faltantes no Enem impresso foi de 31,2% no segundo dia de prova. Os Estados com maior índice de abstenção foram o Amazonas, com 48,6%, Roraima, com 41,3%, e Goiás, com 36,7%. Para Godoy, os números estão dentro da normalidade histórica.
"Houve uma variação de mais ou menos 137 mil pessoas (de aumento de faltantes entre os dois dias de prova), o que é um número baixo, considerando geralmente aquele aluno que não vai bem na primeira prova e acaba se desestimulando para fazer a segunda prova", apontou o ministro da Educação.
Os estudantes que fazem o Enem têm de responder 90 questões de múltipla escolha em cada dia de aplicação. Neste domingo, foram aplicados os exames de Matemática e Ciências da Natureza. Na última semana, as provas foram de Ciências Humanas e Linguagens, além da Redação. Na ocasião, os candidatos tiveram que escrever sobre "Desafios para a valorização de comunidades e povos tradicionais no Brasil".