Política

'Eles queriam só que eu confirmasse a narrativa deles', disse Mauro Cid em gravações

Estadão Conteúdo
23/03/2024 às 08:21.
Atualizado em 23/03/2024 às 08:26

Nos áudios divulgados pela revista Veja, o tenente-coronel Mauro Cid, ex-ajudante de ordens do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), declara que os investigadores da Polícia Federal apenas queriam que o militar "confirmasse a narrativa" deles, no inquérito que apura a suspeita de tentativa de golpe.

"Eles já estão com a narrativa pronta. Eles não queriam saber a verdade, eles queriam só que eu confirmasse a narrativa deles. É isso que eles queriam, e toda vez eles falavam: 'Olha, a sua colaboração tá muito boa'. Ele (investigador) até falou: 'Vacina, por exemplo, você vai ser indiciado por nove tentativas de falsificação de vacina, vai ser indiciado por associação criminosa', e mais um termo lá. Ele disse assim: 'Só essa brincadeira vai ser 30 anos para você'", afirma Cid em uma das gravações.

Em um outro trecho, Cid diz que a PF queria que ele falasse coisas que ele não sabia e que não aconteceram. "Não adianta, você pode falar o que você quiser. Eles (PF) não aceitavam e discutiam que a minha versão não era verdadeira, que não podia ser assim, que eu estava mentindo."

'Conveniente'

Cid diz ainda que o ministro do Supremo Tribunal Federal Alexandre de Moraes tem a sentença pronta dos investigados por tentativa de golpe. Segundo o tenente-coronel, o magistrado apenas estaria "esperando passar um tempo". "O momento que ele achar conveniente, ele denuncia todo mundo, o PGR acata, aceita e ele prende todo mundo", afirma o militar.

"O Alexandre de Moraes é a lei. Ele prende, ele solta quando ele quiser, com Ministério Público, sem Ministério Público, com acusação, sem acusação", afirma o tenente-coronel na gravação. Cid também comenta por que aceitou fazer delação. "Se eu não colaborar, vou pegar 30, 40 anos. Porque eu estou em vacina, eu estou em joia", diz, em referência a inquéritos dos quais é alvo. "Quem mais se f... foi eu."

Sigilo

O advogado de Bolsonaro, Fábio Wajngarten, defendeu a queda do sigilo dos depoimentos de Cid, após o vazamento dos áudios. "O levantamento do sigilo poderá dirimir potenciais dúvidas e dará a transparência necessária para a elucidação de parte dos fatos. A defesa do presidente tomará as devidas providências", postou no X, nesta sexta, 22.

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

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