O diretor de Política Econômica do Banco Central, Diogo Guillen, disse que deve apresentar "em brevíssimo" um estudo comparando os ciclos de queda de juros no Brasil, que mostra que os motivos da desinflação são diferentes a cada ciclo.
"Tem ciclos que são muito mais por abertura de hiato, e aí você tem uma desinflação mais persistente, e tem outros em que você vem de um choque de bens industriais, e isso contribui para a inflação de serviços", exemplificou Guillen, em evento da PUC-Rio.
Ele ainda repetiu que a autoridade monetária não deve revisar com frequência as suas estimativas para variáveis não-observáveis da economia, como a taxa real neutra de juros, para não exacerbar reações.
"Eu não sou muito fã de ficar fazendo revisão de taxa neutra no curto prazo", disse Guillen. "A cada trimestre ficar revisando taxa neutra, eu acho que isso nos leva a overreaction, uma hiperreação. Toda vez que você acha que o juro tem que subir, você sobe a taxa neutra. Quando você acha que o juro tem que cair, você corta a taxa neutra."
Ele disse que, tanto no caso da taxa neutra de juros, como do hiato do produto, o BC tem procurado aumentar a transparência divulgando os resultados de diversos modelos usados para estimar as variáveis.
Guillen chamou atenção que não há evidências de grandes mudanças no sistema financeiro que justifiquem um aumento forte do juro neutro, devido a uma eventual redução da potência da política monetária.
E acrescentou que o BC tem tentado decompor eventuais impactos, por exemplo, do fiscal na renda da população. "Quando a gente olha essas medidas de renda ampla, parece que 70% a 80% desse crescimento deve ser mercado de trabalho e o restante deve ser fiscal", disse.