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Desmate cai 30% na Amazônia e 25% no Cerrado e vira trunfo para a COP

Estadão Conteúdo
07/11/2024 às 07:19.
Atualizado em 07/11/2024 às 07:25

Pela primeira vez desde 2019, o Brasil registrou queda no desmatamento do Cerrado. Segundo dados do Projeto de Monitoramento do Desmatamento na Amazônia Legal por Satélite (Prodes), foram desmatados de agosto de 2023 a julho de 2024 8.174 km² no bioma, uma queda de 25,7% em relação ao relatado em 2023, quando o desmate foi de 11.002 km² no período. Além do Cerrado, o desmatamento na Amazônia caiu 30,6% em relação a 2023, chegando ao menor patamar registrado em nove anos.

De agosto de 2023 a julho de 2024 foi desmatada uma área de 6.288 km², ante 9.064 km² no período anterior. A taxa oficial confirma a tendência de queda no desmatamento da Amazônia. No ano passado, foi registrada uma queda de 21,8% em relação a 2022.

Matopiba

O desmatamento do Cerrado incomodava o governo Lula, que desde o primeiro ano de mandato já registrava queda de desmate na Amazônia, mas ainda não tinha obtido resultados positivos no Cerrado. Na última divulgação do Prodes, o Cerrado vivia um cenário de estabilidade em relação ao desmatamento, com um aumento de 3% na área desmatada em relação a 2022, porcentual dentro da margem de erro. Apesar disso, em 2023, a área desmatada bateu recorde.

O governo assinou nesta quarta-feira, 6, o Pacto para a Prevenção e Controle do Desmatamento e de Incêndios no Cerrado dos Estados de Maranhão, Tocantins, Piauí e Bahia (Matopiba). "O dado que acabamos de ver de queda do desmatamento no Cerrado, que para muitos parecia impossível, é fruto desse trabalho integrado que começa a ganhar força", disse a ministra do Meio Ambiente e Mudança do Clima, Marina Silva. A região chamada de Matopiba é considerada por especialistas como crítica, pela combinação de alta aptidão agrícola, expansão de infraestrutura, desafios na fiscalização, pressões econômicas e questões de governança.

Amazônia e COP

Na Amazônia, apesar das quedas, a seca histórica na região e outros fatores têm colocado a floresta em risco. De janeiro a novembro, foram registrados 123.361 focos de incêndio no bioma, segundo o Inpe. O número representa um aumento de cerca de 48% no número de queimadas em comparação com o mesmo período de 2023 (83.356).

Na próxima semana, o Brasil participa da Cúpula do Clima da Organização das Nações Unidas (COP-29) em Baku, no Azerbaijão. Os dados sobre desmatamento são um trunfo importante do País na intenção de mostrar ao mundo a disposição de atuar no combate às mudanças climáticas. A queda do desmatamento, segundo o governo, rendeu a redução de emissões da ordem de 400,8 milhões de toneladas de gases do efeito estufa.

"O que deixou de ser emitido nesse período é toda a emissão da Argentina. É uma conquista importante", afirmou o vice-presidente, Geraldo Alckmin. "Vamos levar para a COP essas conquistas que não são só do Brasil, ajudam planetariamente e são exemplos, mostram que é possível, sim, descarbonizar e segurar as mudanças climáticas, gerando emprego, gerando renda."

Neste ano, o principal tema discutido na conferência é o financiamento climático. A expectativa é de que os países entrem em um acordo sobre o valor a ser pago aos países em desenvolvimento para que possam implementar ações que minimizem o aquecimento global. O governo brasileiro considera fundamental que o tema seja resolvido neste ano para que não se arraste até a COP-30, que será realizada em Belém, no Pará, em 2025.

Inicialmente, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva participaria do anúncio dos dados do desmatamento, mas foi substituído pelo vice-presidente. Mais cedo, Alckmin, Marina e outros ministros participaram de uma reunião com Lula sobre as metas do País para limitar gases do efeito estufa, a chamada Contribuição Nacionalmente Determinada (NDC, na sigla em inglês). As NDCs foram estabelecidas pelo Acordo de Paris, em 2015, e serão revistas na COP-30. Há, porém, uma expectativa de que o governo apresente sua NDC já na COP-29, em Baku, na próxima semana.

Ainda sem uma decisão

Até o momento, no entanto, o Planalto não bateu o martelo sobre as novas metas. O Ministério do Meio Ambiente apresentou três modelos de NDC que levam em consideração três cenários distintos: um conservador, um meio-termo e outro mais ousado.

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

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