A ausência da Esportes da Sorte da lista atualizada do governo federal com as bets autorizadas a operar no País chamou a atenção pelo fato de a marca estampar a camisa de clubes importantes do futebol nacional, entre eles o Corinthians. Patrocinadora máster do time do Parque São Jorge, a casa de aposta tem um acordo com o clube que viabilizou a chegada do astro holandês Memphis Depay. Em grave crise financeira, o Corinthians paga aproximadamente R$ 3,5 milhões mensais ao jogador com a ajuda da Esportes da Sorte. Porém, a diretoria recusou a possibilidade de contratar um seguro para garantir o salário do atleta.
O acordo entre Corinthians e Esportes da Sorte foi firmado em junho, aproximadamente um mês depois de a Vai de Bet rescindir unilateralmente com o clube após o escândalo dos repasses do intermediário a uma suposta empresa laranja. O valor do patrocínio é de aproximadamente R$ 100 milhões, com vínculo vigente até 2026. Uma das cláusulas garantiu o aporte de R$ 57 milhões para a contratação de um jogador de peso. No caso, Memphis.
Durante reuniões entre membros da cúpula de Augusto Melo, foi levantada a hipótese da contratação de uma apólice de seguro para garantir o aporte necessário para pagar Memphis. A questão surgiu depois de Darwin Filho, CEO da Esportes da Sorte, ser alvo de mandado de prisão em uma investigação da Polícia Civil que investiga lavagem de dinheiro por meio de jogos de azar.
A ideia não foi à frente pois o Corinthians entendeu que a Esportes da Sorte deu todas as garantias que cumpriria o contrato. O Estadão apurou que mesmo com a ausência da marca na lista do governo, está tranquila por entender que está protegida em qualquer cenário. O contrato de Memphis com o clube vai até julho de 2026, totalizando uma despesa de aproximadamente R$ 100 milhões somente com os vencimentos do jogador.
O seguro poderia evitar um novo episódio como o que ocorreu com a Vai de Bet. O clube entendeu que, após análise minuciosa antes de fechar o contrato com a Esportes da Sorte, a nova parceira seria mais confiável do que a anterior, por se tratar de uma empresa com mais experiência no ramo e que já patrocinava outros clubes (Palmeiras, Athletico-PR, Bahia e Grêmio).
O Uol divulgou primeiramente a existência de uma multa rescisória na casa dos R$ 100 milhões, caso a marca seja impedida de patrocinar quaisquer clubes. Ao Estadão, o clube afirmou não poder comentar o assunto por se tratar de confidencialidade contratual.
Em nota divulgada nesta segunda-feira, o clube reafirmou a confiança na marca, ressaltando o cumprimento integral do contrato, e que vai permanecer atento à evolução do caso.
"O Sport Club Corinthians Paulista reafirma sua confiança na Esportes da Sorte, nossa parceira de patrocínio, que vem cumprindo integralmente o contrato. O clube está em contato com a parceira e enviou um pedido de esclarecimentos sobre o status e os próximos passos do processos de regularização da operação. O clube permanece atento a qualquer evolução do caso, sempre priorizando os interesses da instituição e de nossa Fiel Torcida", diz nota publicada pelo clube.
O QUE DIZ A ESPORTES DA SORTE?
A Esportes da Sorte acredita tratar-se de um erro do Ministério da Fazenda e afirma ter cumprido todas as exigências da portaria 1.475/2024, referente à regularização das bets. A marca informou ainda que buscou a Secretaria de Prêmios e Apostas (SPA) para retificação e esperava um retorno ainda nesta quarta-feira, 2, o que acabou não acontecendo. Segundo apurou o Estadão, a marca espera regularizar a situação em breve.
A Esportes da Sorte é operada pela HSF Gaming N.V. e atua no segmento desde 2018. A empresa está registrada em Curaçao, arquipélago próximo à Venezuela e que pertence à Holanda. A empresa entrou com uma solicitação de licença de operação no País em 2025 e garante estar em conformidade com as regras estabelecidas pelo governo.
Curiosamente, quem apareceu na lista é a Vai de Bet, antiga patrocinadora do Corinthians. A marca tinha um acordo de patrocínio no valor de R$ 360 milhões com o clube paulista, mas rescindiu unilateralmente depois do repasse de parte da comissão do intermediário a uma suposta empresa laranja. A casa de aposta conseguiu autorização para atuar nacionalmente por ter sido credenciada no Rio de Janeiro, via Loterj. A marca é investigada pela Polícia Civil de Pernambuco em operação que apura um esquema de lavagem de dinheiro oriundo de jogos ilegais.