Um dos detentos que compartilha o dia-dia com Daniel Alves deu detalhes sobre a rotina do brasileiro no Centro Penitenciário Brians 2, na Espanha, onde está preso desde o dia 20 de janeiro por suposta agressão sexual. Segundo o interno, o ex-jogador do Barcelona e da seleção brasileira é hostilizado por outros presos. As informações são do programa "Fiesta", do canal espanhol Telecinco.
De acordo com o colega de Daniel Alves, o jogador brasileiro é chamado de "estuprador" e costuma ser intimidado nos momentos em que divide espaço com outros presidiários, como nas partidas de futebol e no refeitório. A identidade do colega do lateral direito não foi revelada.
O homem revela ainda que Daniel Alves está mais magro e abatido desde que chegou à prisão. Segundo ele, o brasileiro tem privilégios na cadeia, mas não especificou quais são. O atleta passa a maior parte do tempo isolado em seu módulo e nega que tenha agredido sexualmente a jovem de 23 anos que o acusa.
"Ele não sai. Ele só sai para o centro esportivo quando joga contra outro módulo. Senão, ele fica lá no módulo ou senta na enfermaria para ver televisão", afirma o preso.
Daniel Alves completou 40 anos no sábado, dia 6 de maio. O brasileiro já amarga 108 dias atrás das grades. Neste período, o jogador teve negado pela Justiça o pedido para responder às acusações em liberdade, sob as alegações da possibilidade de fuga, e viu o seu casamento com a modelo espanhola Joana Sanz terminar.
Os filhos de Daniel Alves também o visitaram no dia de seu aniversário, acompanhados de outra ex-cônjuge e mãe deles, Dinorah Santana, que disse à mídia espanhola Servimedia que "todos sabem" que ele é inocente. Eles se mudaram para Barcelona a fim de ficar mais próximos de Daniel. A família espera conseguir o direito na Justiça de responder o processo em liberdade. Um novo pedido já foi feito, mas ainda não teve resposta.
O Brians 2 é conhecido por abrigar empresários, políticos e ex-policiais e possui um departamento de prisão provisória, onde está o brasileiro. O local já abrigou figuras importantes, como o ex-presidente do Barcelona, Sandro Rosell. A imprensa espanhola divulgou anteriormente que Daniel Alves divide a cela com outro brasileiro, chamado Coutinho.
A presença do atleta também movimenta um esquema da venda de camisas do Barcelona autografadas pelo brasileiro. Tricampeão da Liga dos Campeões pelo clube, as peças são trocadas por maços de cigarros. Segundo o site espanhol El Caso, funcionários da Brians 2 notaram a entrada de uma grande quantidade de camisas do Barcelona na penitenciária. As peças seriam para um preso que tem permissão para circular em diferentes módulos do complexo.
ENTENDA O CASO
Daniel Alves teve a prisão decretada no dia 20 de janeiro. Ele foi detido ao prestar depoimento sobre o caso de agressão sexual contra uma mulher na madrugada do dia 30 de dezembro. O Ministério Público pediu a prisão preventiva do atleta de 39 anos, sem direito à fiança, e a titular do Juizado de Instrução 15 de Barcelona acatou o pedido, ordenando a detenção.
A acusação se refere a um episódio que teria ocorrido na casa noturna Sutton, em Barcelona, na Espanha. O atleta, que defendeu a seleção brasileira na Copa do Mundo do Catar, teria trancado, agredido e estuprado a denunciante em um banheiro da área VIP da casa noturna, segundo o jornal El Periódico. Ela procurou as amigas e os seguranças da balada depois do ocorrido.
A equipe de segurança da casa noturna acionou a polícia catalã (Mossos d'Esquadra), que colheu depoimento da vítima. Uma câmera usada na farda de um policial gravou acidentalmente a primeira versão da vítima sobre o caso, corroborando o que foi dito por ela no depoimento oficial. A mulher também passou por exame médico em um hospital. Daniel Alves foi embora do local antes da chegada dos policiais.
Segundo a imprensa espanhola, a contradição no depoimento do lateral-direito foi determinante para o Ministério Público do país pedir a prisão e a juíza aceitar. No início de janeiro, o jogador deu entrevista ao programa "Y Ahora Sonsoles", da Antena 3, em que confirmou que esteve na mesma boate que a mulher que o acusa, mas negou ter tocado na denunciante sem a anuência dela e disse que nem a conhecia.