O Indicador de Clima Econômico (ICE) da América Latina recuou 14 pontos na passagem do primeiro para o segundo trimestre de 2024, atingindo 91,7 pontos, aponta o levantamento feito pelo Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getulio Vargas (Ibre/FGV). Com o resultado, o ICE retornou para a zona desfavorável (abaixo de 100 pontos), após duas leituras consecutivas acima deste nível.
Houve nesta leitura recuo tanto do Indicador de Situação Atual (queda de 8,8 pontos na margem, a 89,2 pontos), quanto no Indicador de Expectativas (contração de 19,4 pontos, a 94,3 pontos).
De acordo com a FGV, houve recuo no indicador do Clima econômico em cinco países nesta leitura: Uruguai, Brasil, México, Chile e Colômbia, enquanto outras cinco nações registraram melhora: Paraguai, Peru, Equador, Argentina e Bolívia. Estão com o clima na zona favorável, porém, apenas México, Uruguai e Brasil.
No Brasil, a queda no segundo trimestre foi de 10,1 pontos e, segundo a FGV, está associada à contração de 30 pontos no Indicador de Expectativa, que agora encontra-se na zona neutra (100 pontos). O Indicador de Situação Atual, em contrapartida, cresceu 9,1 pontos, levando o indicador à zona favorável. A FGV pontua, contudo, que as enquetes foram realizadas antes das enchentes no Rio Grande do Sul, que ocorreram no mês de maio.
Em relação à Argentina, a FGV destaca que houve avanço de 25,2 pontos na margem, "apesar do ambiente de acirradas controvérsias em relação às medidas do presidente eleito Javier Milei". O Indicador da Situação Atual avançou 2,9 pontos, a 15,4 pontos, enquanto elevação no Indicador de Expectativa foi de 55,8 pontos na margem, o que levou a Argentina à zona favorável neste segmento.
Problemas
Entre os problemas mais relevantes para o entrave do crescimento na região, os mais citados pelos especialistas consultados pela FGV foram: falta de inovação; falta de confiança na política econômica; corrupção e barreiras legais e administrativas para os investidores.
A FGV destaca que, entre os consultados argentinos, chamou a atenção a mudança de percepção acerca da credibilidade da política do Banco Central do país. Na pesquisa do quarto trimestre de 2023, 92% dos experts consultados sinalizaram que a credibilidade da política do Banco Central era um obstáculo para o desenvolvimento, contra apenas 17% na pesquisa atual. No mesmo sentido, a desconfiança na política econômica argentina caiu de 92% para 50%. "A melhora na avaliação dos especialistas indica uma diminuição na incerteza em relação à política econômica do governo Milei", escreveu a FGV.
Nesta pesquisa a FGV ainda incluiu uma enquete especial, sobre o impacto da desaceleração do crescimento econômico da China para a América Latina. "Predominaram as previsões de um impacto médio (acima de 50%) em todos os países, exceto Bolívia, Brasil e México. No caso brasileiro, o porcentual é de 25% para os que consideram um impacto médio e 25% alto. 50% dos entrevistados brasileiros minimizaram o impacto. Há, portanto, uma divisão clara: metade dos especialistas brasileiros consideram que haverá impactos alto/médio, enquanto a outra metade que o impacto será baixo", descreve a fundação.