O presidente nacional do PP, senador Ciro Nogueira (PI), afirmou que o deputado federal André Fufuca (PP-PB) será punido se aceitar o possível convite do presidente Luiz Inácio Lula da Silva para virar ministro do governo. Oposição ao petista, Nogueira voltou a dizer que o partido não fará parte da base aliada.
"Se (Fufuca) assumir ministério, será afastado sumariamente da direção partidária. Qualquer parlamentar que for fazer parte desse governo, que nós não apoiamos, será afastado de decisões partidárias. Enquanto eu for presidente do Progressistas, o Progressistas jamais irá compor a base do presidente Lula", disse Ciro a jornalistas após evento de filiação do secretário estadual da Casa Civil, Arthur Lima, ao PP, em São Paulo.
A posição evidencia o racha na legenda sobre a adesão ao governo. Ao lado de Nogueira durante evento hoje em São Paulo, o presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira (PP-AL), defendeu a entrada do PP na base.
"O PP pode ter ministro, como pode PSD, União, PCdoB, PT. Mesmo voto que um presidente da República recebeu, um deputado recebeu. O governo que se elegeu não formou maioria, como ele vai governar? Não existe meio governo de coalizão, ou meio toma lá, dá cá. Ou é governo de coalizão, ou é composição, ou é toma lá, dá cá", disse.
Lira ainda negou que o PP tenha interesse no Ministério do Desenvolvimento Social (MDS), comandado atualmente pelo petista Wellington Dias. "Não temos foco em canto nenhum. Temos discussões, governo pensa em ampliar sua base."
Nogueira defendeu, no entanto, a posição de Lira de articular a entrada do partido no governo. Para ele, o correligionário precisa se comportar como presidente da Câmara, e não como filiado ao PP.
"Arthur é presidente da Câmara, eu sou presidente do Progressistas. Respeito a posição dele. Ele não pode estar lá na presidência da Câmara como presidente dos Progressistas. Arthur foi praticamente aclamado na presidência da Câmara. Defendo que ele tenha posição de independência, não de oposição, como eu", ponderou. Nogueira criticou também o que chamou de troca de cargos por apoio e afirmou que esse tipo de negociação deu errado no passado.
Tempo de Lula e relação com Haddad
Lira voltou a dizer que a reforma ministerial precisa ser feita no "tempo e na vontade" de Lula. Ele explicou que o cancelamento da reunião de líderes partidários, marcada para esta quinta, 17, não teve a ver com a reunião que teve nesta quarta, 16, com o presidente da República. "Pauta não foi vencida", disse ao argumentar que nenhuma dos projetos previstos anteriormente foram votados, o que não justificaria um encontro para incluir novas pautas.
O presidente da Câmara também negou rusgas com Fernando Haddad após o ministro da Fazenda dizer que a Casa não pode usar seu poder para "humilhar" o Executivo e o Senado. "Não houve nenhum estremecimento. Vamos jogar uma pá de cal nisso."