O presidente do Banco Central (BC), Roberto Campos Neto, disse nesta sexta-feira, 29, que está discutindo novas soluções de recuperação de crédito com o Ministério da Fazenda. O interlocutor da pasta nas discussões é o secretário da Fazenda responsável por reformas econômicas, Marcos Barbosa Pinto.
Durante participação em evento realizado pela 1618 Investimentos, Campos Neto lembrou que grande parte da recuperação de crédito no Brasil é pela via judicial, que toma mais tempo e eleva, em geral, o custo dos empréstimos feitos pelos bancos.
Segundo ele, os bancos deixaram, muitas vezes, de tentar recuperar crédito abaixo de certo valor, dado o custo alto de executar garantias. O comentário foi feito em defesa da necessidade de facilitar a recuperação de crédito em casos de inadimplência para, assim, ampliar a oferta e diminuir os juros praticados no mercado.
Ele comentou ainda que os juros também sobem para compensar as taxas mais baixas do crédito direcionado - ou seja, as pessoas que contratam crédito no mercado pagam pelos que conseguem obter financiamento nas linhas direcionadas.
"Se quisermos dar crédito direcionado para tudo, juros têm de ser maiores", afirmou Campos Neto.
Ele negou, porém, que este seja um posicionamento contra o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), cuja direção tem rebatido críticas de que o crédito direcionado comprometeria a eficácia da política monetária.