O presidente do Banco Central (BC), Roberto Campos Neto, apontou nesta quarta-feira, 21, a transparência das informações e a neutralidade tributária como a receita para o Brasil atrair investimentos voltados a projetos sustentáveis. Ao participar desta quarta do café da manhã da frente parlamentar da economia verde, em Brasília, o presidente do BC observou que a definição do que é um bom investimento vem mudando.
Para os investidores, não basta mais saber qual é o retorno de um negócio, mas sim se este retorno é sustentável ao longo do tempo. "A definição do que é um bom investimento vem mudando ao longo do tempo porque as pessoas passaram a entender que não adianta ter só retorno se ele não for sustentável", disse Campos Neto.
Nesse contexto, ele considerou que reduzir a assimetria de informações, com a definição dos critérios do que pode ser enquadrado ou não como um projeto sustentável, ajuda a atrair investimentos. "Quando reduz a assimetria de informação, você melhora mercados e investimentos." Conforme Campos Neto, uma das metas é publicar o máximo de dados possíveis para que investidores saibam onde podem, de fato, destinar seus recursos.
Na avaliação do presidente do BC, a taxonomia sustentável - isto é, a classificação de projetos que contribuem a objetivos climáticos, ambientais e/ou sociais, para orientar decisões de investimento e de políticas públicas - ajuda a proteger, em especial, pequenos investidores que não têm tanto acesso a essas informações.
Campos Neto avaliou que as emissões de títulos verdes, para financiar projetos sustentáveis, estão melhorando, porém é preciso assegurar que os recursos estão sendo direcionados ao lugar certo, já que houve casos em que isto foi questionado.
Ele defendeu ainda que a tributação seja a mais neutra possível do ponto de vista de alocação dos recursos. Ou seja, a tributação não deve ser motivo para que os investimentos sejam direcionados a setores menos eficientes ou produtos menos sustentáveis.