O presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, disse nesta terça-feira que a autoridade monetária terá de perseverar no processo de convergência do IPCA para a meta, já que o ritmo da desinflação tem arrefecido no Brasil, e destacou o caráter técnico das decisões da autoridade monetária. "O Banco Central tem atuado de forma técnica e autônoma para cumprir as suas missões", disse, lendo um slide preparado para uma palestra na Comissão de Finanças e Tributação da Câmara dos Deputados. "Mais recentemente, as decisões têm sido todas unânimes no colegiado o Comitê de Política Monetária", ele acrescentou, sem recorrer ao slide.
Campos Neto afirmou que o ambiente externo se mantém adverso e que há problemas relacionados ao aumento da dívida global e riscos associados à eleição nos Estados Unidos e à desaceleração da economia chinesa.
Ele afirmou, ainda, que haverá um custo alto para fazer uma transição energética.
Desinflação global
O presidente do Banco Central afirmou que é possível observar um movimento de desinflação global. "A inflação tem caído quase em sintonia", observou.
Ele argumentou que a pandemia basicamente sincronizou muito os ciclos de vários países, por causa dos estímulos monetários e fiscais, e que o período de desinflação é um pouco diferente por causa do peso de componentes nas diferentes regiões. Na América Latina, por exemplo, o peso dos alimentos é maior do que em países avançados.
Ao olhar para países, ele mencionou preocupação maior com alguns casos, como o da Austrália, onde a inflação voltou a subir. "O grande questionamento é o que vai acontecer nos Estados Unidos, que serve como um elemento, como balizador em termos de política monetária", disse.
Ele destacou que a regularização dos juros no Japão também está provocando essa volatilidade no mercado.
O presidente do BC destacou que essa volatilidade recente implicou, para o Brasil, em uma inflação de 12 meses que começou a subir um pouco na ponta.