O piloto brasileiro Rodrigo Varela estreou no Rally Dakar nesta sexta-feira, na Arábia Saudita, após um duro contratempo nesta semana. Ele precisou usar um carro emprestado na famosa competição porque enfrentou problemas logísticos devido a ação de piratas no Mar Vermelho, que dá acesso ao país saudita.
Mesmo sem o carro original, Varela e seu parceiro Enio Bozzano Junior ficaram em quinto lugar entre 36 UTVs no prólogo da categoria T4 - o prólogo antecede a primeira etapa, a ser disputada no sábado, entre as cidades de Al Ula e Al Henakiyah. O resultado é considerado surpreendente em razão do contexto da dupla.
Varela levou um grande susto nesta semana. Ele descobriu que o seu carro, um UTV Cam-Amhavia, não chegaria a tempo para a tempo para a disputa do Rally Dakar. Ele foi informado, enquanto passava o Natal com a família, que o navio cargueiro no qual estava o veículo teve de mudar de rota ao fugir de piratas houthis que estavam atacando embarcações no Mar Vermelho. A mudança do trajeto acrescentou mais 20 dias no tempo previsto para o desembarque.
Filho de Reinaldo Varela, referência da modalidade no Brasil, campeão do Rally Dakar e tricampeão mundial, Rodrigo contou com a ajuda do pai para conseguir um novo carro para competir na Arábia Saudita. A equipe, denominada Team Brazil, também tem técnicos brasileiros. Três mecânicos especializados serão chefiados por Reinaldo, com auxílio do filho mais novo, Bruno.
"Localizamos um Can-Am em Portugal, de um piloto que veio ao Brasil disputar o Rally dos Sertões conosco. Mas precisamos fazer modificações e adaptações às pressas. Felizmente, deu certo e ele passou na vistoria do Dakar. Era o principal: vamos correr. Ainda não temos todas as peças que vamos precisar durante o Dakar, que é uma corrida longa e exige muita manutenção. Estamos contando com a ajuda das outras equipes", afirmou, durante a semana.
O ocorrido com o piloto brasileiro é parte de um problema que tem gerado repercussão no mundo todo. Os Estados Unidos pediram na quarta-feira que o Conselho de Segurança da Organização das Nações Unidas (ONU) tome medidas urgentes para impedir os ataques promovidos no Mar Vermelho pelos rebeldes houthis, grupo político-religioso protagonista da guerra civil do Iêmen, que se estende desde 2019. Os houthis também têm promovido ataques a Israel.
Os americanos também cobraram um posicionamento do Irã, que financia as atividades do grupo. Em uma reunião de emergência, o vice-embaixador dos EUA, Christopher Lu, afirmou que os houthis realizaram mais de 20 ataques desde o dia 19 de novembro, com equipamentos e armas fornecidos pelo Irã. Um projeto de resolução elaborado pelos EUA e distribuído aos membros do Conselho de Segurança após a reunião condena e exige a suspensão imediata dos ataques dos houthis. Além disso, o documento propõe o reconhecimento do direito de qualquer país de defender navios comerciais e navais.