O primeiro-ministro do Reino Unido, Boris Johnson, confirmou nesta quinta-feira que renunciará ao cargo, mas disse que seguirá à frente do governo até que o Partido Conservador escolha um novo líder. O cronograma para o processo de sucessão deve ser anunciado nos próximos dias.
"É claramente o desejo do Partido Conservador no Parlamento que haja um novo líder", afirmou em discurso na porta da sede a sede do gabinete britânico, em Downing Street, número 10, Londres.
Johnson exaltou a maioria parlamentar conquistada nas eleições de 2019 e se disse "imensamente orgulhoso" das conquistas de sua gestão. Especificamente, o político citou o Brexit, como é conhecida a saída do Reino Unido da União Europeia, além da resposta ao coronavírus e a política econômica.
O premiê acrescentou que, nos últimos dias, tentou convencer aliados de que seria indesejável mudar a liderança do país em um momento de inúmeros desafios, entre eles a guerra na Ucrânia e a escalada da inflação. No entanto, reconheceu que não teve sucesso no pleito. "Na política, ninguém é indispensável", comentou.
Johnson disse ter nomeado um novo gabinete para garantir o funcionamento do governo até que haja novo comandante. Como os conservadores detêm folgada maioria no Parlamento, é prerrogativa do partido apontar um novo primeiro-ministro.
A renúncia encerra uma crise política que deflagrou a debandada de ministros e assessores do governo. Na terça-feira, 5, os chefes das pastas de Finanças, Rishi Sunak, e Saúde, Sajid Javid, entregaram os cargos após uma série de escândalos políticos que abalaram a gestão. Johnson já vinha sendo questionado há meses por festas de que teria participado durante a pandemia. No entanto, a gota d'água foi a resposta dele às denúncias de assédio sexual contra o parlamentar conservador Chris Pincher.
Johnson tomou posse em 29 de julho de 2019, após a antecessora, Theresa May, renunciar em meio a dificuldades na implementação do Brexit. Após uma histórica vitória nas eleições do final daquele ano, o primeiro-ministro enfrentou uma pandemia e coordenou uma das mais rápidas vacinações do mundo. Contudo, viu seu capital político ruir ao longo deste ano, quando foram reveladas festas ocorridas em Downing Street na época da quarentena.
Boris Johnson, de 58 anos, é jornalista e fez carreira nos principais veículos da imprensa britânica. Notabilizou-se como colunista político do jornal The Daily Telegraph e editor da revista The Spectator. Em 2001, foi eleito ao Parlamento, mas renunciou em 2008, quando tornou-se prefeito de Londres. A ascensão se completou em 2016, ao tornar-se figura proeminente na vitoriosa campanha pelo Brexit.