Bonecos com rostos de Leila Pereira e Ednaldo Rodrigues, presidentes de Palmeiras e CBF, respectivamente, foram pendurados simulando uma cena de enforcamento nas proximidades do Engenhão, antes da partida entre Botafogo e Palmeiras, válida pela 17ª rodada do Campeonato Brasileiro, nesta quarta-feira. A ação de torcedores botafoguenses foi feita em frente ao setor sul do estádio, que é destinado aos visitantes. A mandatária palmeirense e o clube carioca repudiaram o ato. O Estadão contatou a CBF sobre o caso, mas não obteve retorno.
Os bonecos foram removidos pela Polícia Militar do Rio no começo da noite. Antes disso, imagens já circulavam com mensagens hostis a palmeirenses. Entre outras falas, algumas diziam que torcedores do Palmeiras "não são bem-vindos no Rio".
O Botafogo publicou uma nota em que repudia a ação, a qual define como "ameaças e atos criminosos". "Tão logo tomou conhecimento, a diretoria solicitou ao policiamento que agisse imediatamente", diz um trecho do texto.
Leila Pereira também lamentou os atos. "A rivalidade deve sempre se restringir ao campo de jogo. Entendo que o esporte precisa de dirigentes responsáveis, que não fomentem a violência", disse. Ela não viajou ao Rio para a partida para evitar um possível encontro com John Textor, dono da SAF do Botafogo. Os dois protagonizam uma troca de farpas nos últimos meses, após o americano levantar suspeitas de manipulação de resultados.
"Entendo que o foco precisa estar no campo. Afinal, a partida é entre Botafogo e Palmeiras, e os jogadores são os astros do espetáculo. Infelizmente, ao ver estas imagens assustadoras, concluo que a decisão de não comparecer ao estádio foi correta", comentou Leila.
Em novembro do ano passado, o Palmeiras bateu o Botafogo por 4 a 3, em uma virada histórica conduzida por Endrick e que levou o time paulista ao título do Campeonato Brasileiro, após rodadas de liderança do clube carioca. Ao final da partida, Textor invadiu o campo e fez acusações contra à arbitragem e à CBF.
A partir de então, o americano começou a citar supostas manipulações de resultados que teriam beneficiado o Palmeiras em 2022 e 2023. O clube alviverde venceu o Brasileirão nos dois anos. As provas, contudo, demoraram a ser apresentadas, tanto à Polícia Civil, quanto ao STJD.
Os documentos tratavam-se de um relatório encomendado por Textor junto à empresa Good Game!. O STJD considerou que o material é "imprestável" para averiguar as manipulações apontadas. Além do Palmeiras, são citados São Paulo, Flamengo, Grêmio, Atlético-MG e Bahia, oito jogadores e nove árbitros.
Após falas públicas de Leila contra as acusações, inclusive chamando Textor de "idiota", ele afirmou que a processaria por calúnia e difamação. Para isso, o empresário contratou Paul Tuchmann, ex-promotor responsável pelo julgamento do Fifagate, para liderar o caso nos Estados Unidos.
O confronto desta quarta-feira é o primeiro entre os clubes em 2024 e a primeira partida desde aquele 4 a 3, no fim do ano passado. Os dois times ainda se enfrentarão no segundo turno do Brasileirão e cruzam entre si nas oitavas de final da Libertadores, em agosto.