O ministro da Agricultura, Carlos Fávaro, disse ontem que o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) vai ampliar recursos para o agronegócio. "O BNDES está preparando anúncios. No dia 2 (sexta-feira), deverá ter algum anúncio. Medidas estruturantes virão depois do levantamento da equipe econômica de endividamento do setor e custos", disse Fávaro, após reunião com o ministro da Fazenda, Fernando Haddad.
Fávaro se reunirá com o presidente do BNDES, Aloizio Mercadante, na sexta-feira, no Rio de Janeiro. Conforme informado pelo Estadão/Broadcast (sistema de notícias em tempo real do Grupo Estado), há expectativa de que o BNDES anuncie um novo aporte de R$ 4 bilhões para financiamento de investimentos agropecuários dentro da linha BNDES Crédito Rural, com custo fixo em dólares americanos (TFBD).
O banco de fomento também deve criar uma linha dolarizada para custeio agropecuário, com recursos voltados diretamente a produtores afetados pela quebra de safra ou a revendas para refinanciarem o custeio.
O ministro disse ter apresentado a Haddad um cenário do agronegócio, que, segundo ele, vive um momento de endividamento, preços achatados e safra menor. Ele ainda destacou que a perspectiva do setor para este ano é de perda em algumas regiões, especialmente na área conhecida como Matopiba, que compreende os Estados do Maranhão, de Tocantins, do Piauí e da Bahia. Em entrevista publicada pelo Estadão, o ministro falou em "crise iminente".
Segundo Fávaro, a equipe econômica se comprometeu a fazer uma análise dos dados do setor logo depois que um diagnóstico sobre o agronegócio for apresentado ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Fávaro disse também que elevar o preço mínimo da soja seria um contrassenso à queda do custo de produção. "O preço mínimo é baseado no custo de produção. O custo de produção vem caindo, não na velocidade necessária, mas já vem caindo. Falar em subir preço mínimo é contrassenso, porque esperamos que o custo venha menor ainda."
O titular da pasta da Agricultura lembrou que o custo de produção das commodities não acompanhou a queda acentuada dos preços dos grãos e alimentos.
Uma eventual elevação do preço mínimo da soja vem sendo pedida por entidades do setor produtivo com o argumento de impulsionar as cotações da oleaginosa no mercado interno. A Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil apresentará a demanda nesta semana ao ministério. Na última sexta-feira, a Associação dos Produtores de Soja e Milho de Mato Grosso (Aprosoja-MT) reforçou o pleito em ofício ao governo.
Fávaro descartou a realização de medidas de apoio à comercialização da soja neste momento, já que o preço de mercado da oleaginosa segue acima do preço mínimo estabelecido para a safra. "No Brasil, ocorreram somente duas vezes apoio à comercialização de soja. Precisamos aguardar ainda para saber se será necessário ou não. Por ora, ainda está acima do preço mínimo", afirmou.
Estimativa de safra
A AgResource Brasil voltou a revisar para baixo a estimativa para a safra de soja do País em 2023/24. A consultoria projetou produção de 145,40 milhões de toneladas, ante 150,72 milhões de toneladas estimadas no início de janeiro. "Embora tenha sido uma diminuição considerável, a AgResource acredita que a produção do País esteja caminhando para a estabilidade", disse em nota.
As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.