A diretora de Assuntos Internacionais e de Gestão de Riscos Corporativos do Banco Central, Fernanda Guardado, afirmou nesta terça-feira, 31, que a autarquia está trabalhando na publicação do primeiro exercício de avaliação de risco climático do sistema financeiro nacional. O exercício será publicado no próximo Relatório de Estabilidade Financeira, que será publicado logo, segundo a diretora.
Fernanda Guardado participa de painel na "The Green Swan Conference", com o tema "Como adaptar operações do banco central a um mundo mais quente?". O evento é promovido pelo Banco de Compensações Internacionais (BIS), pelo Banco Central Europeu (BCE), pelo Banco do Povo da China e pelo Network for Greening the Financial System.
A diretora do BC explicou que o exercício será composto de duas partes. A primeira será um mapeamento da exposição das carteiras ao risco de transição climática. Já a segunda parte será uma análise sensitiva dos riscos físicos ligados à seca extrema, utilizando os cenários climáticos do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe). "O BC vai medir a exposição de crédito dos bancos a risco de seca."
Fernanda Guardado ainda afirmou que o BC deve levar em conta outros eventos climáticos em um próximo passo. Durante sua apresentação, a diretora do BC lembrou da crise hídrica do ano passado e dos efeitos sobre a geração de energia e a produção agropecuária, com impacto nos preços. "Estamos acima da meta há um tempo e os preços de energia e alimentos têm grande parte nisso."
Sobre as iniciativas do BC na agenda verde, Fernanda Guardado destacou o "green bureau", que permite identificar quais operações de crédito rural atendem aos princípios ambientais, sociais e climáticos.
Recentemente, o BC colocou o crédito rural no Open Finance, permitindo que os beneficiários compartilhem suas informações. Segundo ela, isso permite uma melhor precificação e é um incentivo para adoção dos princípios ESG. "Pode ser o início da taxonomia verde no Brasil."
Taxonomia verde
Fernanda Guardado também afirmou que a autarquia pode ser um importante player nas discussões para a criação de uma taxonomia oficial no País para classificação de ativos sustentáveis. "Mas reconhecemos que isso vai um pouco além das nossas capacidades", disse, explicando que, no Brasil, as taxonomias são feitas por diferentes instituições, sem uma padronização.
Segundo a diretora, a falta de padronização global mínima de taxonomia para ativos verdes criar dificuldades para o desenvolvimento desse mercado a nível mundial, pois dificulta a comparabilidade e a confiança na classificação. "Acho que isso tem que ser endereçado. Ao menos, uma taxonomia mínima do que é sustentável."