Ataques a adversários e discurso religioso marcam primeiro dia de campanha em SP
Ataques a adversários e discurso religioso marcaram o primeiro dia de campanha eleitoral dos principais candidatos à Prefeitura de São Paulo, nesta sexta-feira, 16. O prefeito Ricardo Nunes (MDB), o deputado Guilherme Boulos (PSOL), o jornalista José Luiz Datena (PSDB), o empresário Pablo Marçal (PRTB) e a deputada Tabata Amaral (PSB) fizeram sua estreia nas ruas. Apoiadores de Nunes e Boulos quase se encontraram na região central da cidade, e a Polícia Militar teve de intervir.
Depois de acompanhar uma missa na Catedral de Santo Amaro, na zona sul, Nunes dirigiu ataques a Marçal, com quem disputa o voto bolsonarista. O prefeito ironizou o slogan "Faz o M", adotado pelo candidato do PRTB, e minimizou o elogio do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) ao influenciador. "Não tem outro 'M' para a cidade a não ser o 'M' de verdade", disse Nunes. Bolsonaro afirmou anteontem, em entrevista, que o emedebista não é seu "candidato dos sonhos", e emendou um aceno a Marçal. "Tem a figura nova do Pablo Marçal, tem virtudes", declarou o ex-presidente.
Questionado sobre a fala do "padrinho", Nunes voltou a criticar o candidato do PRTB. "A gente não está vivendo de sonho, estamos vivendo de realidade. Vender sonho é para outro candidato", disse. "Isso aqui não é o Pico dos Marins, não é uma aventura onde você não consegue cuidar de 60 pessoas", afirmou o prefeito, citando a expedição que Marçal organizou em 2022 e que foi alvo de investigação.
Nunes chegou à igreja acompanhado da mulher, Regina Nunes. Seu companheiro de chapa, coronel Mello Araújo (PL), o aguardava no local. "A escolha de vocês foi perfeita, porque você está começando no passo certo, está pedindo a Deus. Essa é a coisa mais importante. E não é para misturar política ou religião, mas nós temos que dar graças a Deus pelos governantes que nós temos aqui", disse d. José Negri durante a missa. "Hoje posso dizer que você é o meu prefeito", afirmou o religioso.
PM
Boulos centrou críticas em Nunes e em Marçal, no primeiro dia de campanha. O candidato do PSOL classificou como lamentáveis as provocações do influenciador e afirmou que não entrará no "jogo rebaixado de quem quer fazer da eleição um vale-tudo, de quem quer rolar na lama".
A campanha do PSOL apresentou notícia-crime contra Marçal, o que levou o Ministério Público Eleitoral a solicitar à Polícia Federal uma investigação por suposta calúnia e difamação. Marçal afirmou, sem apresentar provas, que Boulos é usuário de drogas. "Vou seguir nos debates apresentando propostas para São Paulo", declarou o deputado.
Pela manhã, Boulos recebeu em sua casa, no Campo Limpo, na zona sul, Marta Suplicy (PT), sua vice, para um café da manhã. Em seguida, os dois percorreram o comércio local acompanhados por apoiadores e carro de som. À tarde, a dupla participou de nova caminhada, que começou no Theatro Municipal e seguiu até a Praça da Sé. Simultaneamente, havia um grupo pró-Nunes na região. A Polícia Militar teve de segurar o cordão de apoiadores do prefeito.
Deus
Datena começou a campanha eleitoral em Aparecida, a 170 km da capital, onde assistiu a uma missa no Santuário de Nossa Senhora Aparecida. "Em momentos importantes da minha vida eu passo aqui. O mal tem que entender que onde ele existe, Deus existe para combatê-lo. É isso que acredito. Sou a favor de um país laico, todos caminhos levam a Deus, mas nós temos direito de acreditar em Deus", disse.
O tucano afirmou esperar que Deus salve o Brasil dos problemas. "Acho que ele vai ajudar a orientar, a salvar o Brasil, qualquer que seja sua religião. A minha religião é Deus, minha religião é Nossa Senhora."
Escola
Tabata reforçou críticas à gestão Nunes durante agenda. Segundo ela, apesar de a capital paulista contar com um dos maiores orçamentos do País, a educação municipal apresenta os piores índices em anos. As declarações foram feitas em uma escola de Brasilândia, na zona norte.
"Não é normal o que aconteceu nos últimos três anos. Foi a capital que mais caiu em alfabetização, pior do que na pandemia, pior do que a média do Brasil. Isso nunca aconteceu com São Paulo. É tão grave que nos perguntamos se não há outras coisas que não estamos sabendo. Tenho alguns palpites. Primeiro, uma influência política muito grande na indicação dos cargos da educação. Muita denúncia de corrupção, máfia das creches, parcelamento de contratos", disse, ao lado da vice, Lúcia França (PSB).
A candidata do PSB também atacou Marçal, mencionando pesquisa qualitativa realizada durante o debate promovido pelo Estadão, Terra e FAAP. "A estratégia dele é ser o bobo da corte, gerar cortes para ganhar dinheiro às custas do povo? Talvez tenha êxito nisso. Mas, se a estratégia dele é falar com nossa população, tenho pouca convicção de que ele terá sucesso." A pesquisa do instituto Travessia apontou que o empresário foi o mais rejeitado entre os que participaram do levantamento.
Marçal exaltou, em seu primeiro ato de campanha, a relação com Bolsonaro. Afirmou que conversou com o ex-presidente antes de lançar a candidatura e ouviu que ele já estava fechado com Nunes. "Ele está apalavrado com Nunes", disse ele em caminhada pela Cidade Tiradentes, na zona leste.
Marçal afirmou ainda que precisará fazer ajustes na campanha porque, apesar de já ter recebido doações, o valor ainda é baixo para financiar a candidatura. "Apesar de ter dinheiro, não vou colocar meu dinheiro (na campanha)."
As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.