Antes de embarcar para uma viagem para o Vaticano, onde se encontrará com o Papa Francisco, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva quer certificar-se de que não haverá surpresas na indicação do advogado Cristiano Zanin para o Supremo tribunal Federal (STF). É por isso que ele vai se reunir, nesta segunda-feira, 19, com os presidentes do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD), e da Comissão e Constituição e Justiça, Davi Alcolumbre (União Brasil), no Palácio da Alvorada.
O presidente viaja nesta segunda à noite. A sabatina de Zanin na CCJ está prevista para a quarta-feira e a indicação pode ir a plenário no mesmo dia.
Na contabilidade do Planalto, Zanin tem bem mais do que os 41 votos necessários para ser aprovado.
A conversa foi marcada após Lula se encontrar com o presidente da Câmara, Arthur Lira (PP), na sexta-feira. O presidente tenta construir um novo modelo de relacionamento com o Congresso, após o Centrão da Câmara pressioná-lo a liberar cargos e emendas.
Como mostrou o jornal O Estado de S. Paulo, Alcolumbre prometeu a Lula ajudar Zanin a angariar votos. Cumpriu o combinado e até mesmo as resistências pelo fato de Zanin ter sido o advogado que defendeu o petista na Lava Jato foram amenizadas.
"Ele nos pareceu uma pessoa preparada, que defende os valores da família", disse o deputado Sóstenes Cavalcante (PL).
A votação passará apenas pelo Senado. Pelos cálculos do governo, Zanin deve ter de 50 a 55 votos dos 81 senadores.
Após essa etapa, Alcolumbre vai trabalhar para que Lula indique Pacheco à segunda vaga do Supremo, em outubro, quando se aposenta a presidente da Corte, Rosa Weber. Com isso, Alcolumbre poderá concorrer a um mandato-tampão ao comando do Senado e ainda tentar se reeleger duas vezes.
Lula estará em Roma no dia da sabatina de Zanin no Senado e pretende se encontrar com o Papa Francisco. Depois, seguirá para Paris, onde participará de um fórum sobre economia verde com o presidente da França, Emmanuel Mácron.
Pressão
O assunto da conversa de Lula com Pacheco e Alcolumbre, no entanto, não se resumirá a Zanin. Na pauta estarão a votação do arcabouço fiscal no Senado e o Banco Central.
O Estadão apurou que Lula cobrará de Pacheco uma posição do Senado para pressionar o presidente do BC, Roberto Campos Neto, a derrubar a taxa de juros.
"O Senado precisa ter uma reação. Todos os dados da economia são positivos e só tem um danado que não está percebendo", disse o líder do governo no Congresso, Randolfe Rodrigues (sem partido-AP).
Aliados de Lula aumentaram o coro contra Campos Neto. A instituição tem autonomia e o mandato dele vai até o fim de 2024. Uma eventual substituição teria de ser aprovada pelo Senado.
As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.