Alguns dirigentes do Federal Reserve (Fed, o banco central norte-americano) veem risco "significativo" de que a alta inflação e as expectativas de avanço inflacionário se tornem arraigadas, caso o público comece a questionar a determinação do Comitê Federal de Mercado Aberto (Fomc, na sigla em inglês) de ajustar política monetária para trazer a inflação de volta à meta de 2%. A informação consta na ata da mais recente reunião do Fomc, encerrada em 16 de março, divulgada nesta quarta-feira.
No encontro, os dirigentes concordaram que a perspectiva econômica segue bastante incerta e que as decisões políticas precisam levar em conta o estado dos mercados financeiros e da economia. Vários deles observaram que as medidas de longo prazo das expectativas de inflação de famílias, analistas profissionais e participantes do mercado ainda pareciam permanecer bem ancoradas, "o que - juntamente com uma política monetária apropriada e um eventual alívio das restrições de oferta - apoiaria um retorno da inflação ao longo tempo para níveis consistentes com a meta de longo prazo do Comitê".
Em relação à guerra na Ucrânia, os membros do Fed notaram que implicações do conflito representam "riscos elevados" tanto para os EUA quanto para a economia global, apesar da alta incerteza. Os dirigentes julgam que, no curto prazo, a invasão e eventos relacionados devem elevar as pressões inflacionárias e pesar sobre a atividade econômica.
No documento, eles destacam que a inflação está elevada por desequilíbrios entre oferta e demanda ligados à pandemia, preços mais altos de energia e pressões mais amplas. Alguns dirigentes observaram que a inflação elevada continuou a se expandir de bens para serviços, especialmente alugueis, e para setores que ainda não haviam experimentado grandes aumentos de preços, como educação, vestuário e saúde.
Muitos dos membros indicaram que seus contatos comerciais continuaram a relatar aumentos substanciais em salários e preços de insumos que estavam sendo repassados a clientes "sem qualquer diminuição significativa" na demanda.
Na avaliação dos dirigentes, dados de atividade e emprego continuam a se fortalecer, com "ganho forte no mercado de trabalho. Quanto à variante Ômicron do coronavírus, foi observado que deixou apenas "uma leve e breve" marca nos dados macroeconômicos.