Internacional

Agentes secretas de Israel disfarçadas matam terroristas do Hamas em hospital

Estadão Conteúdo
30/01/2024 às 21:09.
Atualizado em 30/01/2024 às 21:15

Agentes secretas israelenses disfarçadas de civis e médicas invadiram um hospital nesta segunda, 29, na cidade de Jenin, na Cisjordânia ocupada, e mataram três membros - um deles comandante - do Hamas em um ataque que ressaltou como a violência se espalhou pelo território devido à guerra na Faixa de Gaza.

O principal oficial de saúde palestino na cidade de Jenin, Wisam Sbeihat, disse que as forças israelenses entraram no Hospital Especializado Ibn Sina vestidas com roupas civis e portando armas. Eles foram até o quarto onde um comandante do Hamas identificado como Mohammad Jalamneh, de 27 anos, estava com dois amigos, e mataram os três a tiros, disse Sbeihat.

Um vídeo de vigilância divulgado pelo Ministério da Saúde da Autoridade Palestina (AP) mostra vários homens e mulheres armados em trajes aparentemente civis - incluindo um vestido com um jaleco médico branco e outro com uniforme azul - andando pelos corredores do hospital. O ataque israelense durou menos de 15 minutos, disse Niji Nazzal, diretor do hospital Ibn Sina.

Em uma declaração, o Hamas lamentou a morte de Jalamneh apontado pelo grupo como líder das Brigadas Al-Qassam, o braço armado da facção palestina. Uma milícia local afiliada à Jihad Islâmica Palestina disse que seus amigos mortos - os irmãos Mohammad Ghazawi e Basil Ghazawi - eram seus membros.

O Exército israelense disse que os três estavam envolvidos em atividades militantes, incluindo ataques contra israelenses. "(Jalamneh) planejava realizar um ataque terrorista no futuro imediato e usou o hospital como esconderijo", disseram os militares.

Ainda segundo as forças israelenses, os terroristas, supostamente inspirados no ataque do Hamas no dia 7 de outubro, que deixou mais de 1.200 pessoas mortas em Israel, usavam o hospital para o armazenamento de armas e munições.

Violência na Cisjordânia

O aumento da violência na Cisjordânia ocupada por Israel, onde milhões de palestinos vivem sob o domínio militar israelense, suscitou receios de que outra frente na crise do Médio Oriente se origine da guerra de Israel contra o Hamas em Gaza. Desde o início do conflito, em outubro, pelo menos 367 palestinos foram mortos por soldados e civis israelenses na Cisjordânia e em Jerusalém Oriental, o número mais alto em anos, segundo a ONU.

Israel intensificou suas tentativas de reprimir a atividade militante palestina na Cisjordânia desde que o ataque terrorista do Hamas a Israel provocou uma guerra total em Gaza. Mais de 2.980 palestinos foram presos desde então em ataques quase diários - mais de 1.350 deles afiliados ao Hamas, segundo os militares israelenses.

O Exército afirmou, além do terrorista Mohammed Jalamneh, foram mortos os irmãos Basel e Mohammed Ghazawi.

O porta-voz do hospital, Tawfiq al-Shobaki, apontou que nunca as forças israelenses tinham matado pessoas dentro de hospitais em Jenin. "Eles já prenderam pessoas, mas nunca haviam assassinado alguém dentro do hospital."

Túneis inundados

Ainda nesta terça, as Forças de Defesa de Israel (IDF, na sigla em inglês) admitiram que inundaram os túneis do Hamas em Gaza para destruí-los. Israel diz acreditar que os combatentes do grupo usam os túneis para se esconder e para operar bases para monitorar ataques e armas.

Em um comunicado, as Forças afirmaram que foram canalizados "grandes volumes de água para os túneis". O texto afirma que o bombeamento de água só foi realizado nas "rotas dos túneis e nos locais adequados", depois de ter sido estudada sua localização e as características do subsolo, sem danificar a canalização das águas subterrâneas.

As famílias dos 136 reféns ainda mantidos em Gaza temiam desde o início da guerra que essa medida fosse adotada, por temerem que ela colocasse em risco os sequestrados.

Estima-se que o Hamas tenha desenvolvido uma rede de mais de 480 quilômetros de túneis em todo o território palestino, dos quais apenas uma pequena fração foi destruída nos quase quatro meses da ofensiva israelense. (COM AGÊNCIAS INTERNACIONAIS)

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