O Ministério Público do Estado de Goiás (MP-GO) deflagrou na terça-feira (14) a operação “Penalidade Máxima” para cumprir mandados de prisão e de busca e a apreensão em Goiás, Minas Gerais, São Paulo e Rio de Janeiro para desbaratar uma associação criminosa especializada em manipulação de resultados de jogos de futebol para favorecer apostas esportivas. De acordo com as investigações, o grupo criminoso teria atuado em, no mínimo, três partidas da Série B do Campeonato Brasileiro, realizadas no final de 2022: Vila Nova x Sport, Tombense x Criciúma e Sampaio Corrêa x Londrina.
O esquema fraudulento envolveria, entre outras ações, a cooptação de atletas que se comprometeriam a cometer pênaltis no primeiro tempo dos jogos, recebendo em contrapartida cerca de R$ 150 mil por aposta. O MP-GO calcula que os valores envolvidos no crime ultrapassem o montante de R$ 600 mil. A estimativa é de que os apostadores teriam lucro aproximado de R$ 2 milhões.
Notícias relacionadas:Seleção brasileira fará amistoso contra Marrocos em 25 de março.Flamengo joga pelo Carioca após participação frustrante no Mundial.CBF define punições esportivas para racismo em competições nacionais.O caso foi denunciado ao MP-GO pelo clube goiano Vila Nova, cujo presidente Hugo Jorge Bravo revelou detalhes da operação, em coletiva de imprensa na noite de ontem (14). De acordo com o dirigente, o meia Marcos Vinícius Alves Barreira, mais conhecido como Romarinho (que teve contrato rescindido com o clube goiano em novembro do ano passado, por motivo de indisciplina grave) aceitou R$ 150 mil para cometer um pênalti na primeira etapa do confronto entre o Vila Nova e Sport, no dia 6 de novembro. O jogador, segundo Hugo Bravo, chegou a receber um adiantamento de R$ 10 mil e depois da partida embolsaria o restante do valor (R$ 140 mil).
“Passou o jogo, uns três dias, e fui informado que o Romário estaria envolvido em um esquema de apostas. Ligamos o alerta e fomos atrás. Entrei em contato com quem teria articulado todo o esquema. Essa pessoa nos relatou que a combinação era um pênalti no primeiro tempo de Sport x Vila Nova e outras duas partidas da mesma rodada [Sampaio Corrêa x Londrina e Criciuma x Tombense]”, relatou Bravo.
De acordo com o mandatário, Romarinho não foi relacionado para o duelo contra o Sport e teria tentando persuadir outros jogadores.
“Essa pessoa falou que tinha um atleta do clube que iria cooptar outro atleta para praticar, pois ele não tinha condição de jogo. Ela diz que deu um sinal em uma conta de outro jogador, o (Gabriel) Domingos, que até que se prove o contrato, não está envolvido. A própria pessoa que arquitetou tudo isenta o atleta [Domingos]”, afirmou o dirigente.
O presidente do Vila Nova admitiu que a fraude no clube foi frustrada e só por isso veio à tona.
“Só se descobre quando dá errado. Vem o burburinho e aí você pesca. Tentou-se fazer em um jogo do Vila uma ação individual. Um jogador do Vila deveria fazer um pênalti, o que não aconteceu. Quando não aconteceu, alguém foi prejudicado. E foram as bancas de apostas. Essa própria pessoa começou a entrar em contato comigo pedindo para ir atrás do Romário para devolver o sinal de R$ 10 mil”, completou.
Outros três jogadores são alvo da operação "Penaliade Máxima" do MP-GO: Gabriel Domingos de Moura (Vila Nova), Joseph Maurício de Oliveira Figueiredo (Tombense) e Mateus da Silva Duarte (ex-Sampaio Côrrea e atualmente no Cuiabá). Os demais investigados são Camila Silva da Motta, Bruno Lopes de Moura (apostador e alvo do mandado de prisão) e BC Sports Management, empresa de Bruno Moura.
Em nota enviada à Agência Brasil, a CBF afirmou que "apoia a iniciativa do Ministério Público do Estado de Goiás e está à disposição das autoridades para contribuir com as investigações. A entidade trabalha diariamente para combater a manipulação de resultados no futebol. A CBF informa que tem contrato com a Sportradar, líder mundial em prevenção, detecção e inteligência na preservação da integridade dos jogos, para monitorar e garantir proteção em relação a fraudes esportivas".
A operação do MP-GO ocorreu com a participação do Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco), da Coordenadoria de Segurança Institucional e Inteligência (CSI) e do Grupo de Atuação Especial em Grandes Eventos do Futebol (GFUT),