ig-carlo-carcani (AAn)
Não é fácil analisar a decisão que o técnico Jorginho tomou ontem ao escalar o time reserva da Ponte Preta para enfrentar o Atlético Mineiro, no Independência. É evidente que o treinador levou em consideração o desgaste excessivo (físico e psicológico) ao qual o time foi exposto 48 horas antes na incrível derrota para o Náutico, no Majestoso.Os titulares estavam cansados e uma nova partida na casa do campeão da Libertadores provocaria um desgaste ainda maior, aumentando de forma considerável o risco de lesões nas peças mais importantes do elenco. Jorginho também deve ter levado em consideração que, sem condições físicas ideais, seu time titular não teria condições de jogar com a mesma intensidade demonstrada, por exemplo, na vitória sobre o Botafogo, no Maracanã.Tudo isso é compreensível. Estivesse a Ponte em uma posição intermediária na tabela e a decisão não seria sequer contestada. A questão é que a Ponte Preta é a 19 colocada do Brasileirão há nove rodadas. Para não voltar à Série B, precisa terminar pelo menos em 16. E tem só mais 13 jogos para alcançar o objetivo. Nessa situação, a Ponte não pode se dar ao luxo de fazer escolhas. Assim como não tem mais o direito de falhar (tema da coluna de ontem), não pode também abrir mão de um jogo contra o Atlético para tentar algo melhor contra o Bahia.A lógica joga contra a Ponte Preta. O risco de rebaixamento, segundo cálculos do site InfoBola, era de 80%. Para reverter essa situação, a Macaca precisa alcançar um rendimento parecido com o dos times que estão brigando pelas primeiras posições. Tem que ganhar, empatar, ganhar, ganhar, empatar... Não dá para sacrificar um jogo pensando no outro, mesmo porque não há nenhuma garantia de que a equipe descansada trará três pontos de Salvador no domingo.Além disso, se a intenção era poupar os titulares, não havia necessidade de colocar William e Baraka no segundo tempo. Qual era o objetivo dessas substituições? Buscar um empate? Virar o jogo?A derrota em casa para o lanterna e a goleada em BH abalam a confiança do time e da torcida. Em alguns pontos, a decisão de Jorginho é aceitável. Para a torcida, é difícil explicar.Por fim, é necessário ressaltar que o calendário do futebol brasileiro precisa mudar urgentemente. Fazer um time jogar na terça e na quinta é um retrocesso inadmissível. Realizar rodadas em datas reservadas pela Fifa para jogos de seleções é uma aberração que não existe em nenhuma liga com nível razoável de organização. Mas, enquanto a bagunça não muda, a Ponte precisa se adaptar a ela.